domingo, 7 de julho de 2013

Tamanha Perfeição

Armando Januário

Parei o que fazia para escrever este poema
Quero que ele seja suave, sutil
Tal qual a areia escapando por entre as mãos
De uma criança que brinca a beira do mar!

Amor, não me acorde amanhã tão cedo
Pois desejo sonhar com estes versos
Que escrevo para longe de mim
Tentando encontrar quem se foi no rastro das estrelas...

Há aquele que se foi com os anjos
Um ser para além desta dimensão
Que apenas estes versos com e sem rimas
Podem descrever com tamanha perfeição.

Escrevo neste pequeno cântico
Sobre o sem-coroa, rei no meu coração
Belo jovem velho homem, folha silvestre
Amor desta vida, eterna solidão!


Salvador, Imbuí, 7/7/13

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Autobiografia - Encarnação do amor (11/04/11 –18h11min – BR 324 – Salvador/Simões Filho)

Autobiografia (Encarnação do amor)


Trovões e relâmpagos não me fazem tremer
Pois sei ter nascido nu de idéias, prenhe de incertezas
Alienado de qualquer obstáculo a temer
Enfrentando medos escritos em tantas faces secretas!

Máscaras não existem em meu rosto
Apenas o amor literal, puro como leite e água
Vazio dos outros corações inflamados
Incendiados pelo mundo que carrego na mente sem mágoa.

Sincero e assustador
Cá estou a conhecer os sons do inverno...
Sigo o destino romântico da flor
Ainda por entre o dantesco inferno
Dos sonhos esmagados na senda
Das estradas em sangue...

Sincero... assustador... sigo a jornada da rosa:
Nascer, pulsar, desabrochar
Levando aos corações inflamados
O adorável perfume do amor perfeito!

Ser sincero... ser assustador... ser a rosa
Eis meu destino: encontrar a dama imperfeita
Captar na imensidão dos seus olhos, a perfeição ausente
E por essa razão amá-la por eternidades incansáveis
Com a mais nobre intenção de jamais ser amado...

Romântico...
Sincero...
Assustador...
Ser a própria rosa divina e sagrada...
Eis meu destino:
Acreditar na infinidade daqueles olhos negros
Visitando minha alma em noites de ardor
Ver as lágrimas que brotam apenas na alma
Ser a própria encarnação do amor!
Armando Santos 

Última Flor (01/05/11 –22h38min – Simões Filho)


A Juci, minha namorada
Sete dias encantados
Para uma rosa povoar o pensamento
Traduzir a imensidade
Oferecer esse momento.

Conheço pouco sua aparição
Desejo, porém, sentir mais
Essa beleza tímida
Envolta em olhos de mel.

Teu nome deveria se chamar coragem
Pois não percebe os estereótipos deste tempo
Uma era de medos e anseios fúteis
Por onde caminham solidão e sofrimento.

Já deixou o preconceito
Firme, tal qual rosa desabrochando, me abraça
Beija meus lábios, deixa-me tonto com a voz
De uma deusa que me enlaça!

Já deixou o preconceito para trás...
Uma era de medos e anseios fúteis
Cessa quando seus cabelos desafiam o vento
Inalando o ar dos nossos olhares...

Tenho tão-somente versos
Elevando-me a seu encontro
Quando a aura não brilha perto...
Última flor do meu jardim
Existo apenas para conhecer a dor
Resisto, porém, às lembranças tristes
Outrora aprisionando meu amor!

Tenho tais versos
Escritos na alma cansada
Querendo um por de sol suave
Uivando como lobo ferido na madrugada
Existindo... resistindo... sonhando
Rever no corpo a ideia da infância:
Ouvir a cada dia a voz amada...
Armando Santos

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Flor Adormecida! (25/04/2011)

Madrugada...
A rosa ainda não se abriu em nós
Os girassóis dormem, esperando em silêncio
Pois sabem que já não estamos sós...

Conversei com as estrelas durante a noite
Desejo saber quais segredos e sonhos escondem-se
No brilho castanho dos olhos
Na beleza do rosto de flor adormecida...

Será mais uma desilusão você
Para abraçar minha alma cansada
De percorrer longa e perigosa estrada
Pronta a sempre terminar em lágrimas e solidão?

Ofereço ao tempo a resposta
Pois não temo o amargo da decepção
Sei somente que a busca recomeçou
Para encontrar em alegres chamas o coração...

A rosa pode ainda não ter desabrochado em nós
Porém, sinto que devo rever
Seu corpo esbelto – suaves manhãs de primavera
Trazendo, leve, os passos da sapatilha discreta...

Doces lábios escorrendo átomos de mel
A luz penetrou o teatro em um instante preciso
Enquanto a pureza das línguas conduzia
Ao encontro dos sons do paraíso.

A rosa ainda não desabrochou
É madrugada de incertezas nessa cidade
Mas sei que a busca pelo riso da felicidade
Recomeçou...
Recomeçou...
Recomeçou!

sábado, 16 de abril de 2011

Pérola (16/04/2011)

Pérola
Quão belo é teu corpo entre os lençóis alvos
A se confundir com a cor da pele em neve
Pura como leite escoando pelos meus lábios...

Pérola
A manhã suave traz os pássaros
Acorda seus lábios para perto
Desabrocha sorrisos eternos
Breves e longos delírios nesse quarto!

Pérola
Em momentos de tensão e trabalho
Deixo sua aparição até a noite iniciar...
Quando nossas almas esquecem o abstrato
Retornando nas rosas da madrugada para nos deleitar!

Pérola
Falaremos, então, das aventuras dessa jornada
Rica de experiências para o corpo
Vital para alimentar a estrada...

Depois desse momento sentirei o prazer
Do seu corpo em leite
Escoando, doce, pelos meus lábios
Fazendo-me apenas querer, ansiar
Levá-la ao Éden num passeio alado.

Pérola
Esqueceremos nossas palavras e o dia ido
Pois importará tão-somente nosso leito
Impregnado de perfume com sua cabeça no meu peito
Após mais uma viagem ao paraíso!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Cientista do Amor (03/04/2011)

Mulher de rosto corajoso, flor da aurora
Vem a minha presença e fala do desejo
Em amar até o fim das areias do tempo
Para além da carne... distante do medo...

Oferece a redenção antes partida
Quando esqueci os sonhos na alma
De outra existência imprecisa
No altar da desilusão, sacrificada!

Mas, não pode haver ciência no amor
Ele não aceita experimentos. Não é laboratório
Apenas caminho estreito... fuga da dor!

Sou poeta, não cientista dos sonhos
Pois não pode haver ciência no amor
Porque sei que eles nascem espontâneos
Inseguros... prenhes de incertezas.

Sou poeta, não cientista do amor
Sou o anjo observando a rosa na madrugada
Extensa... suave, envolvida no sono de olhos sem cílios
Sou o caminho para a dança febril
O ruído do silêncio dentro das palavras!

Ana Lúcia (Iana Luc)

Sentiu-se o sonho nascer
Mesmo sendo o rosto, perfeito esconderijo
De matéria irônica e silenciosa
Secreta em não espelhar, maldosa
Ao substituir a falsidade pelo sorriso.

Por que escrever com insinceras palavras
Nutrindo irreais esperanças iludidas
Apenas para esconder o real sentimento
E construir um patético cenário ciumento
Ridículo... Infantil como crianças recém-nascidas?

Deusa menor que uma mortal
Lembrar da sua existência não é pecado
Apenas trilha curta e superficial
Para a inutilidade cruel do sagrado.

Engano na voz, seu nome significa
Instantes de pena e desprezo
Quando o passo rastejante da serpente
Espreita pronta a atingir de modo competente
O homem lutando num universo de medo.

Mundo de coca-cola e amores fúteis
Onde sua presença enche o ar
Com doce e traiçoeira imaturidade
Fazendo o manto da idade
Encobrir a essência vulgar.

Paixão sem muros pode ser aplacada
Apenas com a suave melodia
Apenas com o perfume da sinceridade
Apenas com um brinde a verdadeira amizade
Para além da sua estrada de covardia.

Amor puro, por que lhe oferecer
A um anjo da Profundeza
Quando bem próximo havia
Alva alma: rosa copo-de-leite
Seixo branco da mais branca pureza?